A chuva contínua que vem causando estragos em cidades mineiras não deve dar trégua nos próximos dias. Um temporal pode atingir 690 municípios de Minas durante esta sexta-feira. O alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas de até 100 mm e ventos de até 100 km/h. Na capital e região metropolitana, a previsão é de muita água até o próximo domingo, com possibilidade de tempestades. A tendência é de redução a partir de terça-feira.
A capital segue sob alerta de risco geológico até amanhã. A Defesa Civil recomenda atenção ao grau de saturação do solo, a sinais construtivos e cuidados com quedas de muros, deslizamentos e desabamentos. “O alerta de risco geológico se estende para praticamente todo Estado. Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas são as únicas que não estão incluídas”,disse o meteorologista Claudemir de Azevedo, do Inmet.
Estragos
Nessa quinta-feira (6), a chuva pode ter levado ao desabamento de parte de um telhado de um estacionamento, no bairro Santa Efigênia, na região Leste de BH. A estrutura caiu sobre veículos e deixou uma vítima presas às ferragens. Ela foi retirada do carro sem qualquer ferimento, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
Vias também foram interditadas por risco de alagamento, como na rua Joaquim Murtinho com a avenida Prudente de Morais, no bairro Cidade Jardim, na região Centro-Sul, onde nível do córrego do Leitão ficou elevado, e na avenida Silva Lobo com Barão Homem de Melo, no bairro Alto Barroca, na região Oeste.
Somente na região Centro-Sul de BH já choveu 57% do esperado para todo mês. A média climatológica para o mês em toda cidade é de 329,1 milímetros.
Cidades alagadas e estradas fechadas
Em Abaeté, na região Central, o ribeirão Marmelada transbordou e deixou 60 pessoas desalojadas, além de outras três desabrigadas. Algumas famílias foram acolhidas pela prefeitura em uma escola, e outras estão em casas de parentes.
Em São Lourenço e Pouso, no Sul de Minas, a forte chuva derrubou árvores e barreiras, interditando rodovias e estradas rurais. Em São Lourenço, algumas casas foram inundadas. Em Pouso Alto, o ribeirão que leva o nome do município subiu cerca de 2,3 metros e invadiu a praça central da cidade.
Seis pessoas morreram, 3.166 estão desabrigadas e 13.323 ficaram desalojadas em Minas Gerais, desde o início do período chuvoso, em outubro. Dores do Indaiá, na região Centro-Oeste do Estado, é a cidade que registrou o maior volume de chuva entre as cidades mineiras que têm estação meteorológica – 242,2 milímetros.
Um Plano de Ação contra a gripe e outras doenças sazonais foi elaborado em Formiga, no Centro-Oeste de Minas. Desde a primeira semana do ano, a Secretaria de Saúde tem registrado aumento exponencial de sintomas respiratórios. Secretário da pasta, Leandro Pimentel já classifica como início de surto.
O plano, em execução desde essa quarta-feira (5/1), abrange também doenças como dengue, zika, chikungunya, febre amarela, entre outras. Ele visa nortear ações de enfrentamento para mitigar o impacto no sistema de saúde. A principal preocupação é com a H3N2.
Ele foi dividido em quatro fases:
Ausência de surto no território;
início de surto no território com aumento exponencial dos casos notificados;
manutenção do surto por período superior a 15 dias e/ou em curva ascendente;
colapso no sistema de saúde, impossibilitando a oferta de leitos para os doentes.
Hoje, a cidade está classificada na etapa dois. Ela prevê o monitoramento, treinamento de equipe e informar a população sobre o aumento de casos. As equipes médicas e de enfermagem também foram dobradas. Por enquanto, a atuação será exclusiva do município.
“A única coisa que solicitamos para a Superintendência Regional de Saúde (SRS) foi o fornecimento de medicação para tratamento dos casos graves de gripe”, destaca o secretário.
A cidade ainda tem os medicamentos em estoque e nova remessa deverá ser enviada até o dia 20 de janeiro. Também serão adquiridos testes de RT-PCR para influenza.
Atendimentos
A média diária de atendimento aumentou 36,58%, comparando-se a semana do dia 20 de dezembro com a do dia 27 do mesmo mês. O maior pico foi no dia 27, com 196 pacientes atendidos no ginásio Vicentão, unidade referência no município – número 300% maior que o registrado no dia de menor atendimento da semana anterior, na véspera do Natal.
“Entramos em um novo platô, houve aumento de casos confirmados de COVID-19. Os que não são confirmados achamos que é influenza, mas não há como afirmar no momento se é H3N2, se é a nova variante Ômicron”, explica o secretário. O município aguarda o recebimento de testes.
Formiga não registrou nenhuma morte por COVID-19 em dezembro – foram 355 notificações da doença e 33 confirmações, segundo o boletim mais recente, divulgado nessa terça-feira (4/1).
A Prefeitura de Arcos divulgou, na tarde desta quinta-feira (6), por meio da Secretaria Municipal de Saúde, a confirmação do primeiro caso suspeito de infecção simultânea por influenza e Covid-19. O paciente é um homem de 30 anos que esteve em viagem à Guarapari, no Espírito Santo, no final de 2021. O Executivo divulgou um vídeo com orientações.
De acordo com a secretaria municipal, ele recebeu a vacina contra o novo coronavírus, porém não está vacinado contra Influenza. Ele está em isolamento domiciliar, com sintomas leves de gripe. A infecção simultânea foi apelidada de "Flurona"
O g1 fez contato com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e a pasta informou em nota que não há nenhum caso confirmado de coinfecção por Covid-19 e Influenza em Minas Gerais, até o momento. A SES-MG informou ainda que há seis casos suspeitos em investigação. Detalhes das notificações em investigação serão divulgados oportunamente, caso estas sejam confirmadas.
A pasta ressaltou a importância de manter os protocolos sanitários tanto para Covid-19 quanto para influenza: lavagem constante das mãos, uso de máscara, distanciamento social e vacinação.
Segundo o município, o boletim epidemiológico desta quinta-feira (6) apontou que os casos de Covid-19 chegaram a 6.503, sendo mais de 117 nos últimos três dias, depois de passar por um período sem casos diários.
Influenza em Arcos
Sobre os casos de Influenza, após análise dos dados de atendimento no Ambulatório Covid-19, na cidade foi identificado um aumento de 185% na procura do serviço - comparativo da 1ª e 3ª semana do mês de dezembro. E na última semana do ano de 2021 foram identificados três casos positivos para 'Influenza A' na cidade.
Flurona
A chamada dupla contaminação é constatada quando os dois testes – para gripe e para Covid-19 – dão positivo. Ela foi apelidada de "flurona" (união dos termos "flu", de influenza, com "rona" de coronavírus) na imprensa internacional, mas o termo não designa um novo tipo de doença, apenas uma forma simplificada de se referir à ocorrência simultânea de contaminações.
O Carnaval não deve ser realizado em Minas Gerais em função do espalhamento da variante do coronavírus, a ômicron. A informação foi divulgada pelo secretário de Estado da Saúde, Fábio Baccheretti, em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (6).
“Neste momento, nem podemos pensar em Carnaval. Não vamos incentivar nenhuma aglomeração”, afirmou o secretário destacando como justificativa a alta transmissibilidade da nova variante do coronavírus, responsável pela Covid-19.
“Estamos muito mais preocupados em segurar essa pandemia. Essa ômicron é vista como uma adaptação do vírus. Lembrando que o vírus não quer matar seu hospedeiro para sobreviver. Ou seja, a menor letalidade do vírus é uma evolução do vírus. Por isso, temos que ter cuidado em continuar usando máscara”, falou o secretário.
Uso de máscara continua sendo obrigatório
Também em relação à nova variante, o secretário disse que não há previsão para que o uso de máscara deixe de ser obrigatório no Estado.
“Não existe previsão da retirada de máscara, porque a ômicron transmite muito rapidamente. Mesmo a ômicron gerando menor internação, ela gera internação. Não podemos deixar isso acontecer, e a máscara continua obrigatória”, destacou.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou, pelo seu Twitter, que recebeu alta médica. Ele estava internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, desde a madrugada de segunda-feira (3) com quadro de obstrução intestinal. Na foto publicada na rede social na manhã desta quarta-feira (5) em que anuncia a saída do hospital, Bolsonaro aparece ao lado da equipe médica que o atendeu.
A Presidência da República não informou, ainda, se o presidente deve retornar direto a Brasília. O Hospital Vila Nova Star ainda não emitiu comunicado sobre a alta médica.
O presidente interrompeu as férias no litoral de Santa Catarina após passar mal no domingo. O cirurgião-chefe da equipe, Antônio Luiz Macedo, chegou ao Brasil na terça (4) para avaliar a necessidade de uma cirurgia. A intervenção foi descartada no mesmo dia após a constatação de que o quadro de obstrução intestinal se desfez.
O presidente chegou a utilizar uma sonda nasogástrica. O instrumento foi retirado após a boa aceitação da dieta líquida indicada pelos médicos e a melhora no trato digestivo de Bolsonaro. Já na noite de segunda o presidente da República não apresentada sinais de febre ou dor e, na terça, tinha evolção clínica e laboratorial satisfatória.
Essa foi a sétima do internação do presidente desde setembro de 2018, quando levou uma facada na região abdominal durante a campanha eleitoral. Segundo ele, essa é a causa da obstrução intestinal que o levou novamente ao hospital nesta semana.
Pelo menos três macrorregiões de saúde em Minas estão com os leitos clínicos lotados. De acordo com o painel da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), as regionais Central, Leste e Triângulo do Norte estão com a taxa de ocupação em 100% e a média estadual é de quase 85%. No caso das UTIs, a situação é melhor, com média está em 52,3%.
Em Belo Horizonte, as taxas de ocupação para vagas exclusivas Covid subiram mais uma vez, de acordo com o boletim epidemiológico desta terça-feira (4). Para enfermaria, está em 75,1%, enquanto para a UTI está em 64,2%. Esses dados refletem na taxa de transmissão (Rt), medida em 1,17.
A alta demanda por leitos pode ter múltiplos fatores, segundo o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás. Pode ser um efeito da Influenza, da chegada da variante ômicron e do atendimento a pessoas com falta de controle de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.
Existe uma alta na demanda de atendimentos a pacientes com sintomas respiratórios e uma crescente significativa na taxa de positividade nos últimos dias de 2021, mas ainda não é possível afirmar se a pressão no sistema de saúde acontece por um efeito da ômicron. “Nossa expectativa é de aumento no número de casos, mas sem um acompanhamento de casos moderados ou graves. Temos que ficar de olho na letalidade”, afirma Tupinambás.
Segundo ele, a África do Sul e o Reino Unido já verificam uma curva descendente de casos, sem grande impacto nas internações por causa da ômicron. “O cenário deve piorar nos próximos 15 dias, por causa do fim de ano, mas depois vai estabilizar e cair. Temos que ficar de olho é na UTI e na taxa de letalidade, que são nossas maiores preocupações”.
Também infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Geraldo Cunha Cury explica que a pressão sobre os leitos reservados ao coronavírus está ligada à grande transmissão do vírus da gripe no fim de ano. Muitas dessas pessoas que adquirem sintomas graves acabam sendo internadas com suspeita de Covid, interferindo no monitoramento do Sars-Cov-2.
"Estamos tendo uma epidemia de Influenza. Os sintomas da Influenza e da Covid são muito parecidos. Mas, enquanto não há exame para definir, a pessoa vai para o leito, é lógico. Se ela está com a saturação do oxigênio baixo e tem que ser internada, o diagnóstico é feito depois disso", explica o professor.
Cury adianta que a expectativa é de que a ômicron provoque muitos atendimentos para sintomas gripais, mas sempre pressão para internações por lesões pulmonares. "Os boletins da Inglaterra e de outros países indicam que a ômicron é muito mais contagiosa que as outras, inclusive a delta. Ela é muito mais de produzir uma infecção respiratória alta, na traqueia, nariz e garganta, do que no pulmão. A delta não. Ela afeta bastante o pulmão".
Demanda maior no atendimento pediátrico
A reportagem conversou com uma profissional de enfermagem que trabalha no Hospital Odilon Behrens, que preferiu não se identificar. Ela confirmou que o hospital tem ficado muito cheio nos últimos dias, especialmente em relação aos atendimentos pediátricos.
“O hospital tem ficado muito cheio. Tanto na parte de acolhimento e triagem como nas enfermarias. Além disso, também tem a falta de funcionários que sobrecarrega quem está no plantão e prejudica o atendimento do usuário”, relata a trabalhadora.
No caso do Odilon, os leitos de enfermaria não estão cheios de pacientes com sintomas respiratórios, que costumam ser atendidos na UPA localizada ao lado do hospital. Uma mostra da causas múltiplas de internação do cenário atual.
Nesse momento de antecipação da sazonalidade da Influenza, as crianças sofrem mais. De acordo com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), o aumento da demanda por atendimentos pediátricos, por conta da sazonalidade de doenças respiratórias, ocasionou uma espera maior do que a habitual no pronto-atendimento do Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII).
A fundação garante que a escala de profissionais da unidade encontra-se completa e a capacidade de atendimento foi ampliada. Mesmo assim, o alto número de casos acaba se refletindo em um grande tempo de espera no pronto-atendimento.
Maior taxa de ocupação desde abril
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, a última vez em que a taxa de ocupação de leitos Enfermaria Covid esteve acima de 75,1% foi no dia 7 de abril de 2021, quando o índice estava em 75,3%. Mas naquele momento, havia um número muito maior de vagas, ressalta a pasta. Houve uma redução de leitos exclusivos conforme a demanda foi decrescendo e eles podem ser reconvertidos, se houver necessidade.
O grande número de pessoas infectadas com Influenza pode estar interferindo nos números referentes a internações para pacientes com coronavírus. “É importante esclarecer que pacientes com quadros gripais, ainda sem resultado para a Covid-19, também podem estar internados nas enfermarias, pois os sintomas são muito parecidos”, afirma a secretaria.
“A Secretaria Municipal de Saúde monitora diariamente os números epidemiológicos e assistenciais da doença no município e qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento será tratado da forma devida, com o objetivo de preservar vidas”, completa a pasta, por meio de nota.