Candidatos do concurso de soldados da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), cujo edital foi publicado em 2018 e com provimento de vagas previsto para este ano, foram surpreendidos na quarta-feira por um comunicado emitido pelo comando da corporação, que suspendeu por um ano o prosseguimento do certame. Os candidatos já haviam passado por todos os exames necessários, e a convocação dos aprovados deveria ocorrer ontem. Na
etapa seguinte, os candidatos passariam pelo curso de formação, que teria início no dia 11 de fevereiro, para os soldados que atuariam em unidades da região metropolitana de Belo Horizonte, e em 20 de maio, para os militares que seriam alocados no interior do Estado.
Na Resolução 4.777, o comandante geral da PMMG, coronel Giovanne Gomes da Silva, justificou que, nos dias 21 e 25 de janeiro, a corporação foi comunicada, por meio de ofício da Câmara de Orçamento e Finanças (COF) do governo, sobre a deliberação pela suspensão do concurso, devido à grave crise fiscal pela qual passa o Estado. O documento também informa que o curso de formação para os aprovados para atuar na região metropolitana de Belo Horizonte será realizado no dia 11 de fevereiro de 2020. Já para os futuros soldados que atuarão no interior de Estado, o curso terá início no dia 20 de maio do mesmo ano. O edital também previa o preenchimento de 1.560 vagas.
De acordo com candidatos, a suspensão em cima da hora da convocação dos aprovados gerou uma série de prejuízos. Isso porque muitos já contavam que seriam convocados e se planejaram para assumir a vaga. Um candidato, nascido na capital mineira, disse à reportagem que chegou a pedir demissão do antigo emprego. “Pedi para sair do emprego, fiz o acerto e, há dois dias de sair o resultado final, eles suspendem concurso. O meu problema é que minha noiva está grávida. A gente estava contando com isso, e agora tenho que arrumar alguma trabalho para um ano, que é muito tempo. A minha filha nasce neste ano, e agora eu estou perdido, sem saber o que fazer”, lamenta o candidato, que pediu para não ser identificado.
Candidatos que vieram de fora do Estado também amargam prejuízos. Muitos venderam casas, apartamentos, mobílias, automóveis e outros pertences para fazer a mudança para Belo Horizonte. Um candidato oriundo de Brasília, no Distrito Federal, se diz desesperado. “Me preparei. Alugamos apartamento em Belo Horizonte, mobiliamos e fizemos um contrato de três anos. Estamos desesperados. Minha esposa e eu estamos desempregados, em um lugar novo. Não dá para voltar para Brasília. O custo seria alto, e a proprietária me cobraria multa pela quebra do contrato de aluguel do apartamento. O governo tomou essa decisão de forma irresponsável. Não pensou em momento algum nas famílias que seriam prejudicadas”, contou sob a condição de não ser identificado. Outro candidato, vindo do Estado de Goiás, revela que pode passar necessidades. “Estamos sem chão. Não sabemos como vamos fazer para nos manter aqui, para pagar as contas, para comer”, disse, solicitando anonimato.
Uma manifestação dos candidatos está marcada para ocorrer na próxima segunda-feira, às 9h, na praça da Assembleia.
Em nota, o governo de Minas disse que “a deliberação da COF foi tomada com a anuência da PMMG, tendo em vista a atual situação fiscal do Estado e de forma a não haver prejuízo aos trabalhos da corporação”. Afirmou ainda que a “COF também determinou que a validade dos concursos seja de dois anos, prorrogáveis por mais dois”
Insatisfeitos com o parcelamento dos salários e o pagamento do 13º salário em 11 vezes, policiais civis e militares, bombeiros e agentes penitenciários ameaçam cruzar os braços nos próximos dias.
Reunidos nesta sexta-feira em protesto na porta da Assembleia Legislativa – no mesmo momento em que os deputados estaduais tomavam posse – e na Praça Sete, os profissionais da área de segurança pública em Minas deram um ultimato ao governador Romeu Zema (Novo): até a semana que vem querem uma nova proposta para quitação do 13º. Caso contrário, a paralisação das atividades é questão de dias.
Cerca de 6 mil pessoas, segundo os organizadores, fecharam o quarteirão da rua Rodrigues Caldas, em frente à Assembleia, e do alto de um carro de som, representantes de cada categoria se revezaram em discursos de protesto ao governo estadual e reclamação da falta de dinheiro para pagar as contas.
“Se o Zema não pagar, nós vamos parar”, gritavam a todo instante. “Governo nenhum se mantém sem a segurança pública”, alertou um policial. “Houve aumento para deputados e juízes. Nós fomos obrigados a prejudicar nosso Natal porque não tivemos o 13°”, reclamou outro.
Faixas traziam frases como “Governador, o 13° salário não é carnê da Eletrozema”, em alusão às lojas de eletrodomésticos da família. O clima beligerante na porta da Assembleia chegou também ao plenário da Casa. Pouco antes do início da solenidade de posse dos deputados, servidores tentaram entrar no salão.
Eles gritavam “Zema caloteiro, cadê meu 13º?”. Os manifestantes chegaram a forçar a entrada que dava acesso ao plenário, assustando convidados dos deputados que chegavam para o evento, onde o governador estaria presente, mas foram impedidos pelos policiais legislativos que fizeram uma barreira.
Alguns chutaram a porta e até ameaçaram jogar uma cadeira para quebrar os vidros e liberar o acesso. O deputado Sargento Rodrigues (PDT) tentou acalmar os ânimos dos policiais, mas a tensão continuou por cerca de meia hora, atrasando o início da cerimônia.
Enquanto isso, do lado de fora, a política gerava momentos de tensão entre os próprios manifestantes. Quando foi dito que a política salarial do governo Romeu Zema é a mesma do PT, populares que protestavam no mesmo lugar contra a Vale e homenageavam as vítimas da tragédia de Brumadinho, vaiaram fortemente os policiais.
Em resposta, eles começaram a gritar “Lula ladrão”. Mais cedo, já haviam expulsado da Praça da Assembleia, alguns manifestantes que levaram cartazes com os dizeres “Lula Livre”. Os ânimos só acalmaram quando um policial usou o microfone para alertar para a importância de todos estarem unidos em defesa dos servidores – além deles, o movimento ganhou a adesão de funcionário da saúde e educação.Continua depois da publicidade
Da Assembleia, cerca de 200 manifestantes seguiram em passeata para a Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte. Eles queimaram dois caixões simbolizando a morte de Zema.
No fim da passeata, as pessoas rezaram uma oração em homenagem às vítimas e aos bombeiros, que trabalham no resgaste dos corpos do desastre de Brumadinho. “Eles merecem todo nosso respeito. Estão se dedicando ao máximo e não receberam o que deveria”, afirmou um manifestante. (Com MF)
O projeto de lei de reajuste salarial dos vereadores de 3,43% com base no INPC que foi aprovado por 7 votos favoráveis, 03 contrários e 01 ausência, gerou imediato repúdio por parte da população que se viu indignada com tal situação.
Embora seja reconhecido o caráter legal do ato, o momento de crise financeira que Federação, Estado e Município passa não é oportuno para tal feito, visto que são os próprios vereadores que aprovam ou não o reajuste de seus vencimentos.
Desta forma movimentos nas redes sociais já se formam para manifestar e pressionar os vereadores para a revogação.
Segunda-feira(04) às 19:00 h em reunião ordinária o assunto será discutido e o projeto de lei pode cair.
Em uma sessão extraordinária realizada dia 30 de janeiro, os vereadores por maioria aprovaram o reajuste salarial de 3,43 % para seus vencimentos, reajuste real para cada um é de cerca de R$ 211,00 (duzentos e onze reais). Em um ano este reajuste irá gerar um custo adicional de quase 28 mil reais.
Votaram a favor: Regina, Valdevino, Robson, Luciano, Edílson, Edson, Lécio
Contra: Serginho da Saúde, Pedro Renato, Magno Terêncio
Vereador Anderson Miguel não compareceu à reunião, segundo o mesmo, por não ter sido convocado oficialmente ficando sem saber os detalhes dos projetos que seriam apresentados. Ainda comunicou em suas redes sociais que sempre foi contra e não usará o valor do reajuste, doará para alguma entidade.
Também na reunião foi aprovado, projeto de lei com reajuste de 3,43 % para os vencimentos dos servidores municipais.
“Porque não dar o Nobel da Paz este ano aos bombeiros de Brumadinho que conquistaram simpatia e admiração dentro e fora do país com seu exemplo de abnegação?” A pergunta é do colunista espanhol Juan Arias, do jornal El Pais.
No texto publicado na noite desta quinta-feira, quando o rompimento da barragem da Vale completou sete dias, Arias lembra que o Brasil, “coração econômico do continente”, nunca ganhou a premiação da Academia Sueca.
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“Foram esses bombeiros anônimos, mal pagos, que não hesitaram em arriscar a própria vida para salvar a dos outros, que nos ofereceram um pouco de oxigênio quando começávamos a desconfiar de tudo e de todos. Tínhamos experimentado, de fato, primeiro em Mariana e agora em Brumadinho, que o lucro selvagem das empresas em conivência com os políticos acaba engendrando esses novos campos de extermínio ambiental e humano”, argumenta o colunista.
Ainda no texto, ele defende que o trabalho dos militares na cidade da Grande BH, que fecha a semana contabilizando mais de 100 mortos pela onda de rejeitos de mineração, uniu o país. “Milhões de brasileiros, de fato, se identificaram, sem diferenças políticas, em um movimento de solidariedade com os bombeiros salva-vidas que conseguiram criar um clima de alento em um contexto de polarização asfixiante. Os bombeiros conseguiram o milagre de unificar por um instante um país quase em guerra”, diz Juan Arias.
“Se conceder ao Brasil o Nobel da Paz, não poderia ser neste momento a um político, mesmo que seja o popular Lula. A política não é, certamente, o que hoje entusiasma os brasileiros céticos de um lado e do outro. A política, com todas as suas corrupções e ambiguidades, não está sendo no Brasil um catalisador de esperanças”, destaca o texto. “O que o país precisa é acreditar que ainda é possível encontrar pessoas comuns e anônimas capazes de oferecer um exemplo de abnegação e de luta para salvar vidas e não para humilhá-las e sacrificá-las”.