Escrito por Fabio Willians Dest.Reg.
Terça, 24 Setembro 2019 12:01
Neste mês de setembro, o incêndio que secou a principal nascente do Rio São Francisco, localizada no município de São Roque de Minas na região da Serra da Canastra em Minas Gerais, completou cinco anos. A atual situação é bem diferente do cenário mostrado pelo G1 em 2014.
O local foi atingido por um incêndio que começou na vegetação de áreas que compõem a Serra da Canastra. Na ocasião, a direção do Parque afirmou ao G1 que a nascente havia secado com o ocorrido. No ano seguinte, a reportagem também mostrou que a situação da nascente ainda era considerada crítica pela direção do Parque.
Entretanto, a situação parece ter sido revertida. A reportagem conversou nesta segunda-feira (23) com o chefe do Parque na Serra da Canastra, Fernando Tizianel, que afirmou que a nascente está em processo de recuperação. Inclusive no início deste ano, devido as chuvas que caíram na região, a nascente transbordou.
“Estamos no final do período de seca, mas mesmo assim tivemos registros de chuvas bem expressivas e as nascentes se recuperaram bem aqui na região. Tanto que a nascente chegou a transbordar na ponte várias vezes, coisa que não era tão comum”, afirmou Tizianel.
A nascente é a principal de toda a extensão do rio, que tem 2.700 km. O São Francisco é o maior rio totalmente brasileiro, a bacia hidrográfica dele abrange 504 municípios de sete unidades da federação – Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe. Ele nasce na Serra da Canastra, em MG, e desemboca no Oceano Atlântico na divisa entre Alagoas e Sergipe.
Revitalização
A direção do Parque tem executado ações para revitalizar e recuperar a nascente desde o incidente em 2014.
“Nós continuamos fazendo o trabalho de prevenção na nascente, fizemos a construção de um aceiro negro, uma espécie de barreira para ajudar a proteger o local de incêndios, e desde de isso ela está recuperando bem. Estamos em um processo de recuperação da mata nativa, principalmente da mata que foi atingida, e a água na nascente apesar de ter tido períodos de baixa, que é comum, não chegou a secar totalmente como ocorreu no passado”, salientou o chefe do Parque da Canastra.
Além das ações feitas no solo, o local onde está a nascente passou por um processo de revitalização. Próximo de onde corre a água, está uma estátua de São Francisco que foi reformada recentemente.
Turismo
A diretora da Associação de Turismo da Serra da canastra (Atusca), Daniela Labonia, contou em entrevista ao G1 que na época do ocorrido, principalmente após divulgação de que a nascente havia secado, o turismo, carro chefe na região, sofreu fortes impactos. Contudo, a atual situação também é de melhora.
"Temos muito movimento, inclusive era comum ter aumento no fluxo de turistas mais nos meses de janeiro e fevereiro, mas tivemos esse registro nos meses de baixa temporada também, ou seja, ao longo do ano temos percebido o aumento das visitações principalmente de segunda-feira a sexta-feira", acrescentou Labonia.
Ainda conforme a diretora, a nascente é composta por vários pontos onde brotam a água e mesmo que falte água em um destes pontos, os outros não correm riscos de serem prejudicados.
"A nascente do Rio São Francisco não é composta de um só ponto, são 300 olhos d'água que nascem no alto do chapadão da Canastra. Em certas época do ano, nos períodos mais secos, algum dos olhos d'água param de fornecer água para o leito do rio, mas outros continuam", concluiu.
A nascente do rio é um dos principais pontos atrativos da região, seguido pelas diversas cachoeiras.
Relembre a seca
A seca da nascente foi durante um incêndio no mês de setembro de 2014, quando os brigadistas do parque tentavam impedir que o fogo atingisse a nascente do rio. Na época, o G1 entrevistou o brigadista Paulo Moisés da Silva, que disse ter encontrado a nascente sem água.
"Desci 500 metros com a bomba nas costas para colocá-la na nascente e quando cheguei vi o que de fato ninguém esperava. Foi a pior surpresa daquele dia. A nascente estava seca", disse em 2014.
Na ocasião, a seca foi tratada como a pior já vista em todos os tempos. “Não há registros históricos de seca dessa nascente. Essa estiagem simbolizou uma mudança climática rigorosa e serviu de alerta para toda humanidade", afirmou a direção do parque. Veja os fatos que marcaram a nascente:
A nascente voltou a brotar água dois meses após ter secado. A natureza se recompôs com o período de chuvas
Um ano após o ocorrido, a situação ainda era tida como crítica pela direção do Parque
FONTE: Por Mariana Gonçalves, G1 Centro-Oeste de Minas
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