Escrito por Fábio Willians
Sábado, 23 Março 2019 16:18 - Última modificação em Sábado, 23 Março 2019 16:33
O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado (23), no Chile, que algumas pessoas "não querem largar a velha política" no Brasil e declarou que a responsabilidade pela reforma da Previdência, neste momento, está com o Parlamento brasileiro. Também disse que "a bola está com o Parlamento" e perguntou: "O que está faltando eu fazer?"
As declarações foram dadas em três momentos diferentes na viagem. Primeiro, durante um encontro com empresários, depois em uma entrevista após almoço com o presidente Sebastián Piñera e por último falou a jornalistas antes de seguir para o aeroporto.
“Temos preocupações, sim, com as discussões que ocorrem por ocasião da reforma da Previdência e queremos aprová-la. Entendemos que é o único caminho que temos para alavancar o Brasil juntamente com outros países da América do Sul para o lugar de destaque que nós merecemos estar", disse Bolsonaro em pronunciamento durante encontro com o presidente chileno, Sebastian Piñera.
Segundo ele, a responsabilidade no momento pela reforma da Previdência está no Parlamento brasileiro. "Eu confio na maioria dos parlamentares que essa não é uma questão de governo, mas sim uma questão de Estado. É uma questão para nós, no Brasil, não enfrentarmos situações que outros países enfrentaram, como na Europa".
Antes de embarcar para o Brasil, Bolsonaro disse a jornalistas que responde apenas pelos seus atos no Poder Executivo, e que assuntos do Legislativo não são tratados por ele. "A bola está com ele [Rodrigo Maia]. Eu já fiz a minha parte. Entreguei. E o compromisso dele, regimental, é despachar e o projeto andar dentro da Câmara. Nada falei contra Rodrigo Maia, muito pelo contrário. Estou achando que está havendo um tremendo mal entendido."
Ao ser questionado sobre as críticas feitas por Maia, questionou o que falta ele fazer. “Fizemos nossa parte, encaminhamos a nossa proposta ao Parlamento. A bola agora está com o Parlamento. Eles vão com toda certeza aperfeiçoar e bola para frente. O que é articulação? O que está faltando eu fazer? O que foi feito no passado? Eu não seguirei o mesmo destino de ex-presidentes, pode ter certeza disso”.
Bolsonaro disse ainda que nunca criticou o presidente da Câmara e que não sabe por que Maia está se comportando com agressividade.
“O Brasil é maior do que todos nós. O Rodrigo Maia, eu nunca o critiquei, eu não o critiquei. Não sei por que ele de repente está se comportando dessa forma um tanto quanto agressiva”, disse.
Bolsonaro também foi questionado sobre a declaração dada por Maia ao jornal "O Estado de S.Paulo". "O Brasil não tem nem condições de segurar 24 horas de confronto com a Venezuela", afirmou o presidente da Câmara. O presidente rebateu: "Ele está desprestigiando as Forças Armadas. Nós não queremos guerra com ninguém. Em algum momento eu falei em guerra? Ele está completamente desinformado. Eu lamento."
Mais cedo, em um café da manhã com empresários no Chile, ele disse que "infelizmente" no Brasil há algumas pessoas que "não querem largar a velha política".
Bolsonaro fez um discurso no evento, organizado pela Sociedade Fabril do Chile, durante o seu terceiro dia de viagem oficial ao país sul-americano.
Ele disse ainda que, mesmo estando "calado" e fora do Brasil, ocorrem atritos no país.
Nos últimos dias, o governo vem sendo alvo de reclamações de parlamentares, que alegam falta de diálogo do Palácio do Planalto com o Congresso. Os políticos também cobram o preenchimento de cargos de terceiro escalão, geralmente ocupados por pessoas indicadas por aliados.
Além disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o governo precisa se envolver mais nas negociações para aprovação da reforma da Previdência.
Neste sábado, em reunião do PPS em Brasília, Maia disse que o governo não pode "terceirizar a articulação" política. A declaração de Bolsonaro no café da manhã ocorreu antes da de Maia em Brasília.
Reunião com presidente chileno
Após o café, Bolsonaro foi recebido pelo presidente do Chile, Sebastián Piñera, para uma reunião no Palácio de La Moneda, em Santiago.
O Chile foi o primeiro país da América do Sul para o qual o presidente Bolsonaro viajou após tomar posse. Geralmente, presidente brasileiros visitam primeiro a Argentina.
O encontro com Piñera, num primeiro momento, será reservado somente aos dois chefes de Estado. Depois, terá também a participação de ministros. Em seguida os dois presidentes farão uma declaração à imprensa e participarão de um almoço.
Antes da reunião no Palácio de La Moneda, o presidente participou de um café da manhã oferecido pela Sociedade de Fomento Fabril do Chile. Em discurso no evento, ele disse acreditar que o Congresso vai aprovar reformas que permitam ao Brasil reequilibrar as contas públicas.
Ele expôs aos participantes do café da manhã a situação de endividamento da União e dos estados. "É uma dívida bastante grande. Gastamos meio trilhão com juros", disse.
"Dada essa situação que nos encontramos, acreditamos que o parlamento vai aprovar as reformas. Obviamente com algumas alterações mas ao meu entender serão suficientes", afirmou Bolsonaro.
O retorno do presidente para Brasília está marcado para 15h45 deste sábado.
Novo organismo internacional
Nesta sexta-feira (22), Bolsonaro e presidentes de outros países sul-americanos, como Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru, assinaram a Declaração de Santiago. O documento tem uma proposta para a criação do Prosul, fórum de desenvolvimento e integração regional, que deve substituir a União das Nações Sul-Americanos (Unasul).
FONTE: Por G1 e TV Globo — Santiago e Brasília
Importante! Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Nos reservamos o direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou com palavras ofensivas.
A qualquer tempo, poderemos cancelar o sistema de comentários sem necessidade de nenhum aviso prévio aos usuários e/ou a terceiros.