Quatro cidades da região Centro-Oeste de Minas registraram surtos de Síndrome Respiratória Aguda, possivelmente associados à Covid-19, em ambientes fechados. Os municípios onde ocorreram os surtos na região são: Pompéu, Bom Despacho, Carmo do Cajuru, Formiga e Lagoa da Prata.
As informações foram fornecidas ao G1 pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), nesta quarta-feira (24). De acordo com a pasta, a maior parte dos surtos ocorreu em empresas, serviço de saúde e no sistema prisional. Veja o que as prefeituras falaram sobre o assunto.
No início do mês, o G1 divulgou que Bom Despacho estava entre as cidades que registraram surto. Até então era o único município do Centro-Oeste na lista dos registros de surtos.
Ainda conforme o Relatório de Investigações de Surto de Síndrome Respiratória Aguda em ambientes restritos ou fechados, até o dia 18 de junho foram notificados, em Minas Gerais, 118 surtos em 14 macrorregiões, totalizando 70 municípios.
A Secretaria de Saúde no município de Formiga informou que a Penitenciária da cidade apresenta surto da Covid-19. Em informações divulgadas pela assessoria de comunicação, o registro foi feito pela SES-MG com base em seis casos da doença confirmados na unidade prisional na terça-feira (23).
Nesta quarta, o presídio conta com nove casos confirmados por exames e 29 casos confirmados por critério clínico epidemiológico, que são detentos que ainda não realizaram exames, mas que apresentaram sintomas gripais.
O secretário de Saúde Leandro Pimentel, que testou positivo para o novo coronavírus, avalia que o Estado está considerando surto quando há registro, de pelo menos duas pessoas com confirmação da doença em locais como asilo, albergue ou abrigo. Desta maneira, a constatação feita pela SES-MG não se refere à cidade de Formiga como um todo, quando, se fosse o caso, o registro seria feito como “endemia”.
Detentos com coronavírus
A Prefeitura informou que os seis detentos diagnosticados com o vírus continuam isolados em uma cela na ala da enfermaria e não apresentam outras complicações de saúde. Ainda na Penitenciária, outros 29 detentos apresentaram sintomas gripais e diante da declaração de surto, todo preso que apresentar sintoma é considerado a confirmado por critério clínico epidemiológico.
O município divulgou na noite desta quarta-feira que, até o momento, são 84 casos confirmados, dois óbitos, 49 pessoas em acompanhamento, 30 pessoas curadas e 29 detentos foram confirmados por critério clínico epidemiológico.
Acompanhamento
Em nota enviada à TV Integração nesta quarta, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen/MG), informou que na unidade prisional foram registrados apenas seis casos da doença.
Estes detentos receberam alta médica entre esta terça e quarta, eles estão curados da doença. Os demais detentos que estavam no mesmo pavilhão dos infectados realizaram testes rápidos. Onze deles que apresentavam sintomas gripais aguardam os resultados de exames PCR.
Sobre o critério clínico epidemiológico adotado pela penitenciária, o G1 entrou em contato com a Sejusp e aguarda retorno.
Desde o momento em que os seis detentos testaram positivo, o pavilhão foi isolado e passou por limpeza e desinfecção, conforme a Sejusp. As movimentações e os recebimentos de novos presos na unidade prisional seguem normalmente.
Para evitar o contato de novos presos com aqueles que já se encontravam no sistema prisional, a Sejusp criou unidades de porta de entrada, para que os recém ingressos cumpram quarentena antes que sejam transferidos para a comarca de origem.
A unidade porta de entrada da 7ª Região Integrada de Segurança Pública, que abrange a Penitenciária de Formiga, é o Presídio de Bom Despacho.
Bom Despacho
Conforme justificado pela Prefeitura de Bom Despacho, a cidade entrou para a lista de surtos depois de confirmar casos de coronavírus em uma empresa da cidade. Na ocasião, a Administração Municipal informou ao G1 que cinco casos confirmados da Covid-19 em uma empresa da cidade caracterizaram a situação.
O surto informado pelo estado não é um surto geral, de acordo com o Executivo. O caso ocorreria quando houvesse um aumento considerável de casos em todo o município. Segundo a Prefeitura, os testes foram feitos pela empresa.
Carmo do Cajuru
A assessoria de Carmo do Cajuru informou nesta quarta-feita que o surto listado pelo Estado é referente aos casos registrados dentro do Asilo Vila Vicentina, no mês de maio.
Prefeitura de Carmo do Cajuru confirma 13 casos de coronavírus no asilo Vila Vicentina
Antes do aumento do número de casos registrados na Vila, o município contabilizava no dia 18 de maio, 12 casos confirmados. No dia 19 de maio, quando foram confirmados os casos na Vila Vicentina, o município saltou de 12 para 37 casos, segundo a Prefeitura. Só nesta data, 13 casos foram confirmados na Vila.
Já no dia 20 de maio, o Município chegou a registrar 46 casos. A Prefeitura explicou que as outras confirmações foram referentes às pessoas que tiveram contato com pacientes já diagnosticados com a Covid-19 no asilo.
A atualização dos casos nesta quarta-feita (24) mostra que na cidade há 76 registros confirmados, 69 curados e quatro pessoas confirmadas com a doença seguem em acompanhamento. O município já registrou três óbitos pelo coronavírus.
Na Vila Vicentina, após o período de quarentena ter sido decretado pelo prefeito Edson Vilela (PSB), todos os casos estão curados e os colaboradores que estavam cumprindo isolamento social no local, já foram liberados para voltarem para casa.
Lagoa da Prata
Surto da Covid-19 em lagoa da Prata foi ocasionado depois de confirmação da doença em colaboradores de suas empresas — Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG
O G1 conversou com a secretária de Saúde de Lagoa da Prata, Sabrina Novaes, que informou que o aumento do número de casos na cidade foi ocasionado depois que colaboradores de duas empresas testaram positivo para a doença. De acordo com Sabrina, os casos foram registrados em um galpão de rifeiros onde nove casos confirmados; e em uma empresa de produtos farmacêuticos, onde foram registrados 15 confirmações da Covid-19. Todos os casos estão em acompanhamento.
O município tem, até o momento, 232 casos confirmados, 23 pessoas estão em isolamento domiciliar, três em internação hospitalar, cinco em Unidade de terapia Intensiva (UTI) e duas pessoas já morreram com a Covid-19 na cidade.
Pompéu
O G1 não conseguiu contato com a Secretaria de Saúde de Pompéu até o fechamento da reportagem. O município,tem 13 casos confirmados da doença, segundo o Boletim da SES-MG, divulgado nesta quarta-feira.
Surto em Minas Gerais
O Secretário de Saúde do Estado Carlos Eduardo Amaral falou nesta quinta sobre a situação de surto em Minas Gerais.
"Os surtos mostram um pico muito rápido, mas ficamos muito atentos. Temos esses surtos atualmente. Alguns já estão em remissão, já estão passando daquela fase em que pudessem impactar no quantitativo geral e no risco de disseminação da doença na região", afirmou o secretário.
Além das cidades do Centro-Oeste, o problema está concentrado ainda em: Belo Horizonte, Betim, Brumadinho, Contagem, Ibirité, Jaboticatubas, Mariana, Ribeirão das Neves, São Joaquim de Bicas, João Monlevade, Corinto, Curvelo, Felixlândia, Sete Lagoas, Antônio Carlos, Barbacena, Congonhas, Piranga, Barroso, Lagoa Dourada, Resende Costa, São João Del Rei, Diamantina, Alvarenga, Governador Valadares, Manhuaçu, Mutum, Pocrane, Cajuri, Ponte Nova, Urucânia, Itinga, Joaíma, Carmo do Paranaíba, Serra do Salitre, Paracatu, Unaí, Taiobeiras, Pirapora, Bicas, Juiz de Fora, Santos Dumont, Leopoldina, Ubá, Poço Fundo, Itajubá, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Senador Amaral, Boa Esperança, Ingaí, Itanhandu, Lambari, Lavras, Nepomuceno, Três Corações, Varginha, Uberlândia, Araxá, Frutal, Iturama, Uberaba, Belo Oriente, Ipatinga e Timóteo.
Até 22/06/2020, a situação com relação ao COVID - 19 em Bambuí é a seguinte, conforme informado pelo Comitê de Crise de Combate ao Coronavírus, Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Saúde e Hospital N. Sra. Brasil.
. 110 notificações
. 60 casos descartados por sintomas
. 02 casos aguardando resultado de exame em monitoramento e isolamento
. 00 caso confirmado
. 49 casos descartados por exames
O sistema de saúde pública em Minas pode viver um colapso nesta quinta-feira (25), com o esgotamento da capacidade de leitos de UTI, um mês antes do pico previsto pelo Estado. A projeção é do Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes) e está presente no mais recente relatório de transparência do Minas Consciente (veja aqui), programa de flexibilização controlada do Estado, divulgado na última quinta-feira (18). O Coes foi criado para monitoramento e estudo dos casos, tomada de decisões e organização das ações de enfrentamento à Covid, e é coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde.
No documento, o Coes informa que houve piora nos indicadores, tanto de incidência quanto de ocupação de leitos, em todas as 14 macrorregiões de saúde de Minas. Segundo o órgão, mesmo em locais que mantiveram o número de casos, como a macrorregião de saúde Sul, há tendência de aumento de notificações, com destaque para a região Centro, onde estão BH e cidades vizinhas.
"O Coes indicou que neste momento o mais adequado seria um retrocesso de todo o Estado para a Onda Verde [nível em que apenas comércios essenciais podem abrir], principalmente tendo em vista o caminho em direção a um possível colapso do sistema assistencial e ainda a antecipação do pico em mais um dia", informou a projeção.
Conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, nesta segunda-feira (22), 87,75% dos leitos de UTI estão ocupados no Estado: do total de 2.964 vagas, 2.930 estão em uso (veja dados aqui). Já a ocupação dos leitos clínicos está em 74,69%: das 12.928 vagas, 12.230 estão ocupadas. Em Belo Horizonte, a taxa de ocupação de UTI's está em 85% e em 68% nas enfermarias (veja boletim aqui).
Para o promotor de Justiça Luciano Moreira, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (CAOSaúde), do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), órgão que acompanha o avanço dos casos e as medidas de contenção adotadas pelos municípios e Estado, os dados mostram que o momento atual é o mais crítico no combate à pandemia em Minas.
Os motivos, segundo ele, estão no crescimento no número de infectados juntamente com a falta de insumos para a intubação de pacientes justamente em momento de aproximação do pico da pandemia, previsto para o dia 15 de julho, segundo a SES-MG.
"É fundamental que o poder público, o setor econômico e a sociedade em geral estejam unidos em favor de um bem maior, que é a vida das pessoas. Se o número de casos continuar crescendo na proporção que está, todo o esforço de distanciamento social e sacrifícios feitos até agora terão sido em vão", declarou o promotor.
Ao comentar a projeção do Coes em coletiva nesta segunda, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, afirmou que teve acesso ao estudo com antecedência, o que permitiu à SES-MG criar e iniciar as reuniões com as 14 macrorregiões de saúde de Minas, em conformidade ao Plano de Prevenção e Contingenciamento em Saúde, com o objetivo de acompanhar de perto a situação dos grupos de regiões e orientar gestores municipais para a importância do isolamento.
"Esse estudo nós vimos lá atrás e foi o que deu origem a toda essa mudança nossa, de nós entrarmos em contato com os municípios, nós orientarmos o isolamento ainda mais intenso, porque isso nós gostaríamos de evitar que chegasse nesse momento", afirmou Amaral.
Amaral, no entando, não comentou se a projeção do Coes continua válida e se há risco de que o sistema público entre em colapso já nesta quinta. A reportagem entrou em contato com a pasta e aguarda um retorno sobre o assunto.
Apesar da situação crítica, o chefe da SES-MG declarou, também em coletiva na Cidade Administrativa, nesta segunda, que ainda não há previsão de abertura dos hospitais de campanha de Belo Horizonte e de Betim, na Região Metropolitana. O gestor reforçou que os centros médicos não são para alta complexidade e que o Estado trabalha para equipar os hospitais do interior, para que as macrorregiões sejam capazes de atender os pacientes.
"[O hospital de campanha] ele não tem tido um direcionamento inicialmente para ser um hospital de alta complexidade e nós vamos preferir abrir leitos em hospitais que já existem, que já têm toda a estrutura e protocolos. É muito mais simples abrir leitos nesses hospitais, a exemplo do que viemos fazendo na Fhemig", comentou.
Ainda no documento que traz a projeção de esgotamento da capacidade de atendimento para esta quinta, o Coes afirmou que, no momento atual, além da recomendação de retrocesso à Onda Verde em todo o Estado, o Comitê Extraordinário deve esclarecer como os municípios devem ser monitorados e, em caso de necessidade, notificados quanto ao descumprimento das deliberações de restrição a práticas sanitárias.
Por fim, o Coes ainda recomendou que o Estado intensifique as orientações de isolamento social para a população, com repressão a aglomerações tanto em estabelecimentos privados - como bares, restaurantes e supermercados, quanto em espaços públicos, como parques e locais turísticos.
Reunião com BH e cidades vizinhas
Em cenário de aumento de casos, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que irá se reunir, nesta segunda, por videoconferência, com os gestores de Belo Horizonte e de outros municípios pertencentes à macrorregião Centro. Segundo a pasta, todos os outros 13 grupos de regiões que dividem o Estado passaram pelas conversas.
Lockdown está previsto
O secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, voltou a comentar a possibilidade de adoção do lockdown (confinamento total) em Minas, durante a coletiva desta tarde, na Cidade Administrativa. Segundo o gestor, a ferramenta está prevista no Plano de Contingenciamento do Estado e, se for necessário, será adotada em regiões específicas de Minas.
"É uma alternativa, mas não é o desejável. O ideal é que o isolamento seja adequado. No momento, é impróprio falarmos em flexibilização em Minas", declarou.
Conforme o secretário adjunto de Saúde, Marcelo Cabral, o lockdown merecerá ajustes técnicos, caso venha a ser utilizado, em ocasião mais próxima à estimativa de pico.
Rede de testes
Durante coletiva na Cidade Administrativa, a SES ainda trouxe dados sobre a rede de laboratórios de testagem da Covid-19, o número de surtos da enfermidade em Minas e a quantidade de pessoas atendidas pelo programa Medicamento em Casa.
Segundo a pasta, a rede laboratorial pública está em expansão, com a inclusão do laboratório de Belo Horizonte. Conforme o chefe da SES, o objetivo é ter uma rede maior de execução de exames e manter a meta de prazo de realização dos testes, que é de 72 horas.
Atualmente, Minas conta com os laboratórios da Fundação Hemominas; do Instituto René Rachou; da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha; da Universidade Federal de Viçosa, em duas unidades; da UFMG, na Pampulha e na área hospitalar (Medicina); além dos laboratórios da Secretaria Municipal de Sete Lagoas, na região Central; de Defesa Agropecuária; e da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Surtos em Minas
Segundo a SES, Minas tem 118 surtos notificados nesta segunda. Os surtos são notificações pontuais, geralmente dentro de uma localidade, como uma empresa ou um lar de idosos. A pasta reforçou a importância do cuidado nesses locais com as medidas de prevenção e higiene em momento de aumento da circulação do vírus.
Ampliação de leitos em BH
Entre os leitos anunciados pela SES para Belo Horizonte, a pasta informou que cinco novas vagas já estarão disponíveis nesta quarta-feira (24) nos hospitais Júlia Kubitschek e Eduardo de Menezes, ambos no Barreiro. Segundo o chefe da SES, a ampliação ocorrerá graças a um remanejamento interno de profissionais de saúde. Já os demais leitos prometidos, conforme o gestor, estarão disponíveis em, no máximo, 15 dias, quando terão sido finalizados os procedimentos de contratação de mais profissionais de saúde.
Medicamento em Casa
O Estado ainda atualizou os números do programa Medicamento em Casa, que permite a entrega de remédios a pacientes sem que esses necessitem de ir às Farmácias de Minas. Segundo o governo, cinco mil itens já foram disponibilizados a cerca de três mil pessoas.
Marcos Eduardo Oliveira Costa, de 18 anos, terceira vítima do incêndio em uma fábrica de chinelos, no Bairro Jardim Padre Libério, não resistiu aos ferimentos e faleceu. O rapaz foi sepultado nesse domingo (21) em Nova Serrana. No dia do ocorrido (16/6), ele foi socorrido por populares, levado ao Hospital São José pelo Samu e, em seguida, transferido em estado grave para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, por um helicóptero do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) do Corpo de Bombeiros. O jovem teve 90% do corpo queimado, permaneceu internado por quatro dias e, infelizmente, não resistiu. Em sua página no Facebook, familiares e amigos publicaram mensagens de despedida ao jovem. Além de Marcos, os adolescentes Paulo Vitor Fernando da Silva e Carlos Rodrigues de Paula, ambos de 16 anos, também morreram no incêndio. Em nota, a Polícia Civil afirmou que o laudo pericial deverá ser concluído em até 30 dias.
RESUMO
Integrante de quadrilha que desviava grãos de produtores mineiros e atuva em todo país são detidos em Operação "De Grão em Grão"
Operação é formada por agentes da segurança pública da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Polícia Civil de Goiás (PCGO) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF)
Organização criminosa teria provocado um prejuízo de aproximadamente R$ 15 milhões
A organização criminosa especializada em desvio de cargas em todo território nacional, que atuava constantemente no Triângulo Mineiro, teve uma baixa nesta quarta-feira (17). A segunda fase da “Operação - De Grão em Grão”, fruto de uma parceria entre Polícias Civil de Minas e Goiás e Polícia Rodoviária Federal (PRF), terminou com dez suspeitos presos e seis caminhões apreendidos.
Essa fase teve início, há quase seis meses, após empresários do ramo de soja da cidade de Alfenas, no Sul de Minas, procurarem a Polícia Civil local e denunciar terem sido vítimas do desvio de soja na 050, na altura da cidade de Passos, na mesma região.
A partir daí, a Polícia Civil deu início as investigações, fizeram reuniões, oitivas e análises de telefones. Com esses levantamentos, foi possível identificar que esses suspeitos que cometiam desvios em Passos também eram responsáveis por desfalques e furtos qualificados no Triângulo Mineiro e em outras partes do país.
Segundo informou a Polícia Civil, as vítimas eram quase as mesmas: empresários do ramo de grãos. O processo do grão é o mesmo. Colhe, armazena, vende, transporta e entrega. Alguns empresários possuem silo (armazenamento de grãos) e outros alugam um silo.
O grão segue armazenado até que o empresário entenda que o preço de venda está de agrado. Depois de realizada a venda, é hora de contratar uma transportadora para efetuar o translado do grão do silo até o porto de Santos, onde a mercadoria é exportada.
“Essa empresa contratada para o transporte faz um novo contrato com o empresário. Ai que entra a organização criminosa. Neste ponto, a quadrilha vislumbra a possibilidade de transporte. Nesse momento, a organização criminosa manda seus motoristas fazerem contato com essas transportadoras para carregar os grãos”, explica o delegado Pimenta, responsável pela Delegacia Regional de Passos.
Primeira fase da Operação “De Grão em Grão”
A polícia identificou que no dia 9 de maio essa organização criminosa iria atuar novamente. Nesta data, os policiais envolvidos na ação acompanharam todo o transporte do grão a partir de um silo em Delfinópolis.
“No dia nove de maio, acompanhamos o caminhão ininterruptamente. Em Delfinópolis, o caminhão passou por uma balsa para cruzar o Rio Grande e chegar em Cássia, que era a primeira cidade. Aqui, aparece um carro batedor dessa organização criminosa para fazer a segurança do veículo. Chegando em Itaú de Minas, esse motorista deixa o caminhão, entra no carro de escolta e vai para uma pousada em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Um outro integrante da quadrilha entra no caminhão deixado em Itaú de Minas, pega estrada e deixa o grão em um silo muito grande na cidade de Bambuí, ao invés de levar a mercadoria para o porto de Santos”, explica o delegado.
Na ocasião, a Polícia Civil fez a prisão do motorista e de um empresário local que estaria estocando esse grão em Bambuí. Só nessa ação, foram recuperamos trinta e duas toneladas de soja. Essa foi a primeira fase da “Operação - De Grão em Grão”, que culminou nessa segunda fase.
“Esses motoristas saiam daqui de Minas, iam para outro Estado próximo, e ludibriavam a polícia. Esses condutores diziam que estavam na rodovia mineira, quando teriam sido abordado por dois veículos com criminosos, que teriam levado a carga e abandonado eles em outro Estado. Mas na verdade a história era falsa. Até o momento apuramos um desvio de quase R$ 15 milhões”, conta o delegado Pimenta.
Segunda fase da Operação “De Grão em Grão”
O combate a essa organização só foi possível com a troca de informações e o trabalho conjunto das Polícias Civil de Minas e Goiás e Polícia Rodoviária Federal.
“Em uma investigação de seis meses, conseguimos desmantelar uma organização criminosa que atuava no desvio de grãos, principalmente soja, aço, ferro e agora produtos de higiene de contenção do covi-19. Essas prisões colocam fim a um extenso prejuízo para o transporte de carga, principalmente no triângulo mineiro”, afirmou o delegado Márcio Nabak, chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Patrimônio.