Escrito por Fábio Willians
Quinta, 22 Fevereiro 2018 11:45
História, cultura e devoção. Em plenas comemorações do centenário da diocese de Luz, os moradores da cidade do Centro-Oeste de Minas terão, neste domingo, um marco importante dos festejos que vão até dezembro. No final da manhã, depois de missa e sessão solene na catedral (veja programação), será inaugurado o Centro de Memória no Palácio Episcopal da Assunção, que foi restaurado e adaptado para receber um acervo organizado desde a década de 1970, com objetos litúrgicos, coleção de jornais da diocese publicados entre 1922 e 1944, romances pastorais e outras peças distribuídos por nove salas temáticas.
Segundo o bispo diocesano de Luz, dom José Aristeu Vieira, à frente das comemorações do centenário, torna-se fundamental “fazer memória do vivido, das conquistas, das realizações e também das dificuldades enfrentadas e vencidas com fé e esperança, reconhecendo a presença de Deus na condução desta história”. Certo de que o novo equipamento traz benefícios para a comunidade, dom José Aristeu espera que muitas escolas dos 33 municípios que compõem a diocese visitem o local, que fica próximo à catedral. O bispo lembra que a data maior do jubileu será em 8 de julho.
Natural de Luz e integrante do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG), Iácones Batista Vargas, destaca que, no Ano do Laicato, instituído pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a cidade celebra também 50 anos do Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão, que representou o começo de maior protagonismo dos fiéis leigos nos serviços da Igreja. A iniciativa partiu do segundo bispo de Luz, dom Belchior Joaquim da Silva Neto, que esteve no posto de 1960 a 1994 e conseguiu a licença do papa Paulo VI, para que 10 leigos pudessem distribuir a hóstia consagrada.
LIVROS HISTÓRICOS Para comemorar o século de atuação, foi organizada a série Centenário da Diocese de Luz, publicada em parceria da diocese com Secretaria de Estado de Cultura, Arquivo Público Mineiro e IHGMG e patrocínio da prefeitura local. Organizada pelo historiador Iácones, o trabalho reúne três títulos com circulação muito restrita e publicados há mais de 60 anos: O Município de Luz e as Comemorações de Setembro de 1941, O Bispado de Aterrado: 1941 e Reminiscências da Peregrinação de Nª. Sª. de Fátima: 1954.
Entre as três obras novamente publicadas, explica Iácones, o título de 1954 é uma raridade, pois só havia um exemplar conhecido. Contando com fotografias de todas as capelas e matrizes paroquiais do bispado, a publicação foi reeditada no mesmo formato e grafia originais. “Além de se preservarem dados e informações históricas, desejamos, com este fac-símile, divulgar as publicações para estudantes, pesquisadores e quem mais se interessar pela história e a cultura religiosa do nosso povo e de todo o Centro-Oeste mineiro”, destaca o historiador que aponta ainda a riqueza de informações corográficas e estatísticas apresentadas na publicação.
Criado em 8 de julho de 1918, o bispado de Luz, conforme as pesquisas, surgiu a partir de uma necessidade confidenciada pelo arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes Pimenta, ao pároco local, padre Joaquim das Neves Parreiras, de desmembrar uma parte da arquidiocese de Mariana, até então abrangendo uma grande porção do estado. Diante da recusa de muitos párocos à proposta, o desafio lançado ao padre Parreiras consistia na possibilidade de instalar em um arraial (do Aterrado) a sede de um bispado. Com o compromisso assumido de constituir patrimônio e condições para instalação da cúria episcopal, começou a história que completa agora 100 anos.
CENTRO DE MEMÓRIA Considerado um símbolo do governo diocesano, o Palácio Episcopal da Assunção foi inaugurado em 1921 pelo padre Joaquim das Neves Parreiras. Construído em estilo greco-romano, o prédio perdeu suas funções originais a partir de 2011, com a transferência da administração eclesiástica para nova sede. Na sequência, o prédio passou por restauração e adaptação para as novas funções de centro de memória.
O Centro de Memória está organizado em diferentes salas temáticas reunindo documentos e testemunhos desde a fundação da diocese, passando por espaços dedicados à liturgia, às atividades do seminário diocesano e trabalhos pastorais. Entre as raridades, estão reunidas edições do jornal Luz do Aterrado, impressos em 1922, e fotos da construção da catedral durante a década de 1930.
Em material de divulgação do IHGMG, há dois depoimentos sobre o Centro de Memória.
Para o secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, que assina a apresentação da obra O Município de Luz e as Comemorações de Setembro de 1941, publicada como título da coleção Tesouros do Arquivo (do Arquivo Público Mineiro), “a publicação do jornalista Arlindo Corrêa da Silva reaparece como testemunho de um trecho significativo da vida de Luz, de Minas e do Brasil. Revela-se, com nitidez, a realidade da cidade mineira desdobrada entre a cruz da fé e a espada do regime autoritário, a placidez do cotidiano e o sonho de progresso, o sentido de ordem e a esperança no futuro”.
Já o prefeito de Luz, Ailton Duarte, as publicações serão uma importante fonte de pesquisa e informação para as gerações futuras: “Desejamos que todos se sintam tocados pelo espírito de fé que moveu os luzenses de ontem e possam, pelo seu dedicado trabalho no hoje, contribuir para a construção de um amanhã melhor para nossos descendentes”.
PROGRAMAÇÃO
Domingo
10h30
Missa na catedral de Luz com o arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha
11h30
Sessão solene de lançamento dos livros da série Centenário da
Diocese de Luz
12h30
Inauguração do Centro de Memória, no Palácio Episcopal da Assunção
FONTE: Gustavo Werneck / em.com.br
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