Escrito por Fábio Willians
Quarta, 13 Fevereiro 2019 09:14
Aproximadamente 300 veículos novos da Secretaria Estadual da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), entre eles ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), estão parados em cinco garagens em
Belo Horizonte. Comprados na gestão do ex- governador Fernando Pimentel (PT), parte desses automóveis está há pelo menos sete meses acumulando poeira em pátios. Para apurar o motivo de esses carros não terem sido distribuídos para cidades e consórcios, o Estado instaurou uma sindicância.
A reportagem visitou nessa terça-feira dois lugares na capital mineira onde parte desses carros está esquecida. Esses endereços vieram à tona após o deputado estadual Cleitinho Azevedo (PPS) gravar vídeos denunciando o
abandono. As duas publicações tinham até ontem, juntas, cerca de 1,5 milhão de visualizações. O que mais chama atenção é um galpão no bairro Cachoeirinha, na região Noroeste, onde estão estacionados 87 micro-ônibus 0
km.
Em outro pátio do Executivo, localizado no bairro Gameleira, região Oeste, haviam 19 carros da Secretaria da Saúde (SES), sendo 12 deles ambulâncias pequenas, uma picape e seis veículos de passeio. Todos ainda com plásticos nos bancos e sem emplacamento.
"São veículos 0 km abandonados em lugares que não estão cobertos, na chuva e no sol. Isso é o mau uso do dinheiro público. Com o vídeo, a gente mostra para a população o que um requerimento não consegue mostrar. Então, isso pressiona o poder público e, a partir disso, começam a chegar mais denúncias”, explicou Cleitinho Azevedo. O deputado ainda cobrou explicações da SES, por meio de requerimento, e espera resposta.
O assessor estratégico da secretaria, Bernardo Ramos, conta que em um dos endereços há 59 caminhonetes Mitsubishi L200 compradas para atender as equipes de combate à dengue. Segundo ele, foi descoberto que os carros estão parados por problemas em licitação para instalar o fumacê.
Questionado sobre o valor total empenhado pela gestão de Pimentel para a compra desses 300 veículos, Ramos afirmou que ainda não é possível estimar, mas exemplificou que, se for levado em conta que o valor médio do modelo da picape é de R$ 100 mil, o poder público já teria desembolsado R$ 6 milhões com 20% da frota total desses automóveis parados.
Motivos
Ramos explica que a sindicância foi aberta na segunda semana de governo de Romeu Zema (Novo), após prefeitos e consórcios de saúde procurarem o Estado no dia 3 de janeiro para reivindicar veículos prometidos a eles pela gestão de Pimentel. Em alguns casos, duas cidades apresentaram o mesmo número de chassi.
Além disso, alguns teriam sido entregues no “apagar das luzes”, entre 29 e 31 de dezembro.
Ramos detalha que o processo, conduzido pela Subsecretaria de Inovação e Logística em Saúde, está em fase final de apuração do processo de compra, de liquidação e de entrega (que pode ou não ter ocorrido) no período eleitoral e no final de 2018. Agora, deve-se iniciar a análise dos critérios de distribuição que, se forem técnicos, vão ser mantidos. A expectativa é finalizar a sindicância neste mês para entregar os carros em março.
"Queremos resolver isso o quanto antes porque o governo não tem interesse de ficar com nenhum carro na garagem gerando custo de manutenção, enquanto eles deveriam estar com quem precisa: municípios, cidadãos e consórcios”, disse. Ainda segundo ele, se constatada ilegalidade, os responsáveis vão responder.
Ex-secretário culpa montadora
O ex-secretário de Saúde da gestão de Fernando Pimentel (PT), Nalton Moreira, que esteve à frente da pasta entre fevereiro e dezembro do ano passado, disse que a situação dos veículos estão parados, em especial os micro-ônibus, em razão de um atraso na entrega por parte da montadora.
“Os micro-ônibus foram entregues no final do ano. Quando compramos, a Mercedes ia entregar antes da eleição, mas quando chegaram com o protótipo, as dimensões internas estavam menores do que na licitação. Aí foram produzir nas normas corretas, o que demorou e entregou entre o final de novembro e o início de dezembro”, disse Moreira.
Segundo ele, quando o governo recebeu os veículos, foram feitas algumas doações.
“Alguns micro-ônibus foram entregues, outros não deram tempo. Aí, agora, os que não conseguimos doar, o pessoal do governo do Zema está analisando essas novas entregas”, afirmou.
A destinação dos veículos era o transporte de pacientes para tratamento fora da residência, além de cidades com baixo IDH que seriam beneficiadas com os microônibus. Já sobre as ambulâncias, o ex-secretário disse que algumas não foram doadas por estratégia para caso houvesse uma “catástrofe em algum lugar”. (Com Lucas Henrique Gomes)
FONTE: otempo.com.br / Francisny Alves
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