Escrito por Fábio Willians
Terça, 11 Abril 2023 09:49
Mais de um terço da água tratada em Minas Gerais não chega às torneiras dos consumidores. O ranking anual de saneamento do Instituto Trata Brasil aponta que 37,5% do líquido potável se perde no caminho entre as distribuidoras e as casas dos mineiros por falhas ou furtos na rede de distribuição. A conta final é imposta à população, que acaba arcando com o problema.
Os dados estão no Ranking de Saneamento 2023, que avalia o índice de perda de água no país. O estudo também qualificou os melhores e piores municípios, entre os 100 mais populosos do Brasil, no Indicador de Perdas de Água. Ao todo, oito cidades mineiras estão no levantamento.
Para a presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, apesar do alto índice de perdas, Minas ainda está abaixo da média nacional (40,25%). No entanto, o cenário de desvio de água é pior quando as cidades são analisadas individualmente.
“Temos cidades que têm muito a evoluir, como é o caso de Juiz de Fora, onde temos um percentual muito baixo de tratamento de esgoto e isso gera a má colocação no ranking. Temos casos ainda de Ribeirão das Neves, onde 57% do volume de água produzido é perdido. Em Betim, 51% e Contagem 50%”.
Pretto ressalta que o desvio de água impede que grande parte da população tenha acesso ao recurso essencial. “Isso impacta muito negativamente a vida das pessoas porque à medida que há um volume de perdas muito grande na distribuição essa água não está chegando para a população, sendo que algumas regiões não têm o abastecimento. Caso houvesse uma menor perda, o índice de distribuição seria muito maior e impactaria positivamente”, pontua.
A especialista explica que a perda, geralmente, está associada a dois tipos de situações. Uma delas é a perda aparente, consequência dos roubos e ligações irregulares, popularmente conhecidas como “gatos”. Do outro lado, as perdas reais por problemas nas redes, pelas quais os consumidores não têm culpa. Apesar disso, segundo Pretto, é a população que arca com o prejuízo.
“Quando falamos de perda, não estamos falando do desperdício que é aquele que acontece dentro da casa do cidadão. Essa perda traz um impacto financeiro porque a partir do momento que se capta água no rio usa-se produto químico para tratá-la e usa-se, muitas vezes, energia elétrica para bombeá-la para a população. Isso está incluído na tarifa cobrada de cada cidadão”, aponta.
Pretto afirma ainda que a diminuição nas perdas pode levar a uma redução nas tarifas. Mas alerta para uma realidade de baixos investimentos em programas de controle dessas perdas.
“Temos pressões muito elevadas no sistema de distribuição e pouco investimento no controle de perdas. Mesmo com casos de escassez hídrica ou falta de água para abastecer a população, ainda temos 35 milhões de pessoas sem acesso à água no país”, ressalta.
Copasa
A Copasa reforça que tem atuado fortemente no combate às perdas. O trabalho é realizado para evitar o desperdício de água tratada e outros transtornos, tanto para o cliente quanto para a companhia. Para isso, a Copasa informa ter investido em tecnologias que permitem a identificação de vazamentos não visíveis em 14 cidades da Grande BH. De fevereiro deste ano, quando esta etapa da pesquisa começou, até o início do mês de março foram percorridos 16.500 km de rede e corrigidos 4.367 vazamentos.
Também está curso um projeto de combate a ligações clandestinas em vilas e aglomerados de Belo Horizonte, com ações de mobilização para adesão dos moradores às redes de água. Só no Morro das Pedras o projeto visitou 2.099 imóveis, tendo adesão de 2.005 famílias, com 1.330 obras realizadas, segundo a Copasa.
FONTE: hojeemdia.com.br
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