Escrito por Fábio Willians
Quarta, 28 Fevereiro 2018 08:11
O Cruzeiro jogou de igual para igual contra o Racing na noite desta terça-feira e fez partida equilibrada no estádio El Cilindro, mas acabou castigado por erros de seu sistema defensivo e perdeu por 4 a 2 em noite inspirada do atacante Lautaro Martínez, uma das maiores joias do futebol argentino. Aproveitando-se de falhas dos zagueiros celestes, o camisa 10 da Academia anotou três gols em lances oriundos de cobranças de falta e escanteio. A Raposa esboçou reação com os tentos de Arrascaeta, na etapa inicial, e Robinho (de falta), no segundo tempo. Contudo, o Racing voltou a ficar folgado no placar ao balançar a rede com o meia-atacante Augusto Solari, sobrinho do ex-jogador Santiago Solari, ex-Real Madrid e Inter de Milão. A partir do quarto gol, os argentinos administraram a grande vantagem e largaram na frente no Grupo 5 da Copa Libertadores.
É preciso ressaltar que a equipe de Mano Menezes não contou com o goleiro Fábio, o lateral-direito Edilson e o zagueiro Leo. Enquanto o primeiro foi liberado para acompanhar o funeral do pai, falecido nessa segunda-feira, os dois últimos cumpriram suspensões relativas a torneios organizados pela Conmebol em 2017 (Libertadores e Sul-Americana). Os substitutos tiveram rendimentos distintos. Rafael não teve culpa nos três primeiros gols, mas poderia defender a finalização de Solari. Lucas Romero foi firme na marcação e não comprometeu. Já Manoel se atrapalhou ao lado de Murilo e sofreu para conter os avanços da dupla Centurión e Martínez.
Mas mesmo sem as peças importantes – soma-se a isso a substituição do lesionado Fred por Rafael Sobis aos 7min do primeiro tempo –, o Cruzeiro criou muitas chances ao longo dos 90 minutos e mandou duas bolas na trave. Na primeira, com Arrascaeta, a partida estava empatada por 1 a 1. Na segunda, que saiu dos pés de Rafinha, o Racing vencia por 2 a 1. Segundo o Footstats, a Raposa finalizou 12 vezes, uma a mais que seu adversário. Faltou acertar o pé e aproveitar as oportunidades construídas além dos dois gols convertidos.
Lanterna do Grupo 5 – já que o Vasco só enfrentará a Universidad de Chile, em 13 de março, no Rio de Janeiro –, o Cruzeiro só volta a campo pela Copa Libertadores daqui um mês. O jogo em 4 de abril (quarta-feira), às 21h45, será contra o time carioca, no Mineirão. Antes, haverá compromissos pelo Campeonato Mineiro, a começar pelo clássico de domingo com o Atlético, às 11h, no Independência, pela nona rodada. O time celeste lidera o Estadual com 22 pontos, oito a mais que o segundo colocado América. Também no domingo, o Racing enfrentará o Vélez Sarsfield, em Avellaneda, pela 18ª rodada do Campeonato Argentino.
O jogo
Não bastavam apenas as dificuldades da própria partida contra o Racing, adversário complicado e com grande qualidade ofensiva. O Cruzeiro viveu problemas internos antes da estreia pela Copa Libertadores. Um dos pilares do grupo, o goleiro Fábio foi liberado pela diretoria para acompanhar o velório do pai, José Ramão de Oliveira Maciel, falecido na véspera do jogo. De última hora, o time também perdeu o lateral-direito Edilson e o zagueiro Leo, que, segundo a Confederação Sul-Americana de futebol, teriam de cumprir suspensões recebidas na Copa Libertadores e na Copa Sul-Americana de 2017, respectivamente. Mas o técnico Mano Menezes deu seu jeito. Além da entrada de Rafael, ele confirmou as escalações de Lucas Romero e Manoel.
Taticamente, o Cruzeiro continuou o mesmo, distribuído no 4-2-3-1. E começou tocando bem a bola, com grande espaço no meio-campo e sem ser pressionado pelo rival. Só que aos 6min, a equipe sofreu a quarta baixa. O atacante Fred sentiu dores na panturrilha direita após dividir bola com Donatti na grande área. Ele até pediu à comissão técnica para esperar, mas não teve jeito. Precisou do auxílio do carrinho-maca para deixar o gramado do El Cilindro. Rafael Sobis entrou na equipe, que passou a ter um posicionamento diferente, sem ter a referência na grande área.
Quando a Raposa ainda se organizava em campo, o Racing abriu o placar. Em cobrança de falta pela esquerda, Neri Cardozo achou Lautaro Martínez, o craque da equipe, que desviou a redonda e superou Rafael: 1 a 0. Quatro jogadores argentinos estavam em posição de impedimento, mas o camisa 10 se encontrava atrás da linha do último defensor do Cruzeiro no momento da execução do tiro livre. Jogada legal.
O Cruzeiro teve momentos atordoados em virtude do gol sofrido e começou a se complicar em campo. Além de não oferecer tanto perigo ao Racing, errou passes fáceis na transição e teve dificuldades para conter os avanços de Martínez e Centurión, sempre pelas beiradas. Mas como é o futebol, né?! Numa situação de lucidez, o time de Mano Menezes conseguiu o empate, aos 29min. Robinho deu belo lançamento para Egído, que dominou bonito e cruzou no segundo pau. O goleiro Musso e o zagueiro Donati, do Racing, não se entenderam, e Arrascaeta cabeceou para as redes: 1 a 1.
O gol empolgou a Raposa. A equipe avançou as linhas e acuou o Racing em seu campo de defesa. Uma pressão intensa aos 31min quase resultou na virada. No primeiro lance, Romero fez um passe longo em direção à área para Rafael Sobis, que chutou em cima de Musso. Na sobra, o camisa 7 rolou para trás, e Arrascaeta soltou a bomba. A redonda explodiu na trave. O Cruzeiro continuou com a posse de bola, e Sobis voltou a finalizar. Musso espalmou para o lado.
O Cruzeiro, que alternava bons e maus momentos no primeiro tempo, mostrava-se satisfeito com o empate. O resultado parcial estava praticamente garantido, mas uma falta inexistente assinalada por Wilmar Roldán mudou os rumos da etapa inicial. A jogada ensaiada pegou todo mundo de surpresa. Lautaro Martínez ficou ao lado da barreira cruzeirense. No momento da cobrança, desvencilhou-se da proteção ao gol de Rafael e recebeu passe rasteiro de Neri Cardozo. Disperso no lance, Henrique não conseguiu desarmar o camisa 10 do Racing, que, respaldado pela parede feita por Lisandro López em cima de Egídio, chutou rasteiro e fez 2 a 1.
Seria o momento de recorrer a Thiago Neves no intervalo? Mano Menezes preferiu esperar, até por ter perdido Fred de maneira inesperada nos primeiros minutos. O Cruzeiro voltou o mesmo. Na segunda etapa, procurou fazer de forma semelhante ao início da partida: pressionar a saída de bola do Racing e tocar a bola com calma em busca de espaço para produzir. Aos 8min, o time perdeu uma chance claríssima com Rafinha. O artilheiro do time na temporada apareceu sozinho na grande área, após assistência de Rafael Sobis, e chutou no travessão.
O Cruzeiro pagou caro pelas chances perdidas. Principalmente porque o Racing tem Lautaro Martínez, o atacante que, segundo a imprensa da Argentina, é pretendido pela Inter de Milão – disposta a pagar 33 milhões de dólares por seus direitos econômicos. De estatura mediana – 1,75m –, o camisa 10 subiu mais que Henrique, cinco centímetros mais alto, e cabeceou no canto esquerdo de Rafael: 3 a 1. Foi o segundo hat-trick de Martínez neste mês de fevereiro: ele também marcou três vezes na goleada por 4 a 0 sobre o Huracán, no dia 4, pelo Campeonato Argentino.
Em Libertadores não há time que fique entregue à derrota. O Cruzeiro entendeu esse espírito e foi para cima tentar a reação. Thiago Neves, que entrou no lugar de Arrascaeta, sofreu falta na entrada da área. Naturalmente, era o camisa 30 quem faria o arremate a gol, mas Robinho surpreendeu todo mundo e chutou no ângulo, fazendo 3 a 2 aos 24min. Havia tempo suficiente para a Raposa tentar a igualdade, porém os descuidos defensivos brecaram a reação. Augusto Solari – sobrinho do ex-jogador Santiago Solari (ex-Real Madrid e Inter de Milão) – entrou no lugar de Zaracho e em poucos toques na bola fez o quarto do Racing: 4 a 2. A bola defensável passou por baixo dos braços de Rafael. Nos acréscimos, o lateral-direito argentino Renzo Saravia foi expulso por entrada violenta em Egídio, mas não houve tempo suficiente para que o Cruzeiro se aproveitasse da superioridade em número de jogadores e alcançasse um empate heroico.
RACING 4X2 CRUZEIRO
RACING
Juan Musso; Renzo Saravia, Alejandro Donatti, Leonardo Sigali e Alexis Soto; Nery Dominguez, Neri Cardozo, Matías Zaracho (Augusto Solari, aos 28min do 2ºT) e Ricardo Centurión (Pablo Cuadra, aos 42min do 2ºT); Lisandro López e Lautaro Martinez (Marcelo Meli, aos 36min do 2ºT)
Técnico: Ariel Broggi (Eduardo Coudet suspenso)
CRUZEIRO
Rafael; Lucas Romero, Manoel, Murilo e Egídio; Henrique e Ariel Cabral; Robinho (Mancuello, aos 35min do 2ºT), Arrascaeta (Thiago Neves, aos 21min do 2ºT) e Rafinha; Fred (Rafael Sobis, aos 7min do 1ºT)
Técnico: Mano Menezes
Gols: Lautaro Martínez, aos 13min e aos 44min do 1ºT e aos 17min do 2ºT; Augusto Solari, aos 31min do 2ºT (RAC); Arrascaeta, aos 29min do 1ºT. Robinho, aos 24min do 2ºT (CRU)
Cartões amarelos: Lautaro Martínez, aos 5min, Renzo Saravia, aos 29min do 2ºT (RAC); Mancuello, aos 39min do 2ºT (CRU)
Cartão vermelho: Renzo Saravia, aos 44min do 2ºT (RAC)
Motivo: primeira rodada do Grupo 5 da Copa Libertadores
Estádio: El Cilindro, em Avellaneda-ARG
Data: terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
FONTE: Tiago Mattar* / Enviado especial a Buenos Aires , Rafael Arruda /Superesportes
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