Escrito por Fábio Willians
Sexta, 18 Maio 2018 11:30
Apesar de já admitir publicamente que aceitaria "na hora" o senador Magno Malta (PR-ES) como seu vice na disputa pela Presidência da República o pré-candidato e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou ao UOL que se prepara também para ter uma "chapa pura", ou seja, concorrer com alguém de seu partido, "se ele [Malta] não vier".
Questionado pela reportagem sobre a possibilidade de compor a chapa com a advogada Janaina Paschoal, autora do pedido de impeachment que derrubou a expresidente Dilma Rousseff (PT), Bolsonaro não a descartou. Professora de direito penal da USP (Universidade de São Paulo), ela se filiou ao PSL no último dia do prazo legal para quem quer disputar as eleições desse ano, em abril.
"Eu só conversei com ela uma vez, por telefone, e não tocamos nesse assunto. Ela está filiada, não sei o interesse dela. E devo conversar com ela nos próximos dias.
Não sei se ela quer, se ela não quer", comentou o presidenciável em conversa com a reportagem nesta quarta-feira (16), no plenário da Câmara. Ao dizer que também se preparava para "ser chapa pura", Bolsonaro disse que não entraria em detalhes sobre o plano "por estratégia".
Procurada pelo UOL para falar sobre as chances de se lançar na disputa eleitoral, Janaina respondeu nesta quinta-feira (17), por meio de mensagem de WhatsApp, que "não houve nenhuma conversa nesse sentido". "E eu realmente não pretendo entrar na política", completou a advogada, que não respondeu a outras perguntas e nem atendeu telefonemas da reportagem.
No último sábado (12), "a advogada do impeachment", como ficou conhecida nacionalmente, se manifestou pela primeira vez sobre sua filiação ao PSL, em uma série de mensagens no Twitter, onde tem mais de 150 mil seguidores. Ela disse ser "provável" que não dispute nenhum cargo nas eleições desse ano, mas destacou que tem até agosto para decidir.
"Amados, Bom dia! No período que antecedeu ao término do prazo para filiação, recebi telefonemas de muitos partidos. Fui convidada a me filiar a partidos que nem imaginava que poderiam me convidar. Eu fiquei muito lisonjeada com tantos convites e fiz questão de atender um a um", iniciou Janaina.
Ela disse achar que não seria adequado apontar os nomes das legendas que a teriam convidado para se candidatar aos cargos de deputada federal e estadual, senadora, vice-presidente e "até a presidente". "Eu sei, é inusitado, mas aconteceu", escreveu.
"Esse mundo político é muito difícil, não entendemos as regras. Nessas reuniões, os interlocutores dos vários partidos procuraram me esclarecer como podiam.
Falaram sobre dificuldades da campanha, dificuldades de cada um dos cargos", afirmou a advogada, que se disse "ainda mais favorável às candidaturas avulsas" depois do "curso intensivo" que recebeu dos representantes partidários.
Janaina justificou a decisão de se registrar no PSL dizendo que muitas pessoas já ligadas à sigla lhe recomendaram. "Com exceção de um ou outro ponto, o estatuto do partido confere com o que eu penso. Não há notícias de escândalos de corrupção envolvendo a sigla, ou seus membros", declarou.
Em seguida ela falou que ficou honrada por ter sido "cogitada" para concorrer ao governo de São Paulo pelo PSL e confessou que ficou mexida com a ideia. "Sei que parece loucura, mas balançou", escreveu. "Muitos conhecidos e desconhecidos começaram a me contatar para se voluntariar a trabalhar de graça na campanha.
Foi emocionante!", completou.
"Mas uma campanha ao governo de São Paulo é algo gigantesco. Por incrível que pareça, eu me sinto capaz de exercer o cargo (que não é algo simples), mas não tenho condições de enfrentar uma tal campanha. Ainda que um pouco triste comigo mesma, eu não vou me aventurar", anunciou.
"Se sairei a algum outro cargo? É provável que não. Tenho até agosto para decidir, mas penso que posso ajudar meu país, mesmo estando fora da política", explicou a advogada. "Talvez meu papel seja esse: amar e ensinar a amar o Brasil!", concluiu.
"Bolsonaro é o voto que revela maior racionalidade"
Em novembro do ano passado, Janaina fez elogios ao pré-candidato do PSL em outra sequência de tuítes. "Concorde-se ou não com sua pauta e/ou com seu estilo, o único presidenciável que parece ser sensível para o maior problema da população é Bolsonaro. E as pessoas sabem que o discurso dele não é fake, pois, nessa seara, ele fala o que sempre falou", escreveu.
"Com isso não estou dizendo que as propostas de Bolsonaro para a segurança pública sejam perfeitas, mas ele é o único que tem coragem de tocar nesse ponto sensível. Os outros parecem viver em outro país, chega a ser cômico. Ademais, em suas manifestações, ainda que não seja da área jurídica, Bolsonaro parece perceber que a violência está diretamente relacionada à corrupção. Salvo melhor juízo, ele não mostrou condescendência relativamente a nenhum dos evolvidos nos últimos escândalos", declarou a advogada.
"Os outros presidenciáveis, ao contrário, ou defendem os corruptos a depender da legenda, ou ficam omissos. Esquecem que estão sendo observados. Bolsonaro vem sendo tratado como um fenômeno. Desculpem, os analistas que dizem e escrevem isso não entendem nada de voto, ou não entendem nada de gente. Dadas as opções e a realidade posta, Bolsonaro é o voto que revela maior racionalidade", afirmou a jurista.
FONTE: Gustavo Maia / UOL Brasília
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