Escrito por Fábio Willians
Segunda, 21 Outubro 2019 11:07
Uma aeronave caiu sobre três carros no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira (21). Segundo o corpo de bombeiros, a queda deixou ao menos três mortos e três feridos. O avião de pequeno porte modelo SR 20 Cirrus Design havia acabado de decolar do Aeroporto Carlos Prates, tripulado pelo piloto e três passageiros.
Além dos bombeiros, equipes da Polícia Militar (PM), Guarda Municipal e do Serviço de Atendimento Móvel (Samu) estão no local para socorrer as vítimas. A caminho do local do acidente, a reportagem flagrou o momento em que dois carros da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) passaram por um grupo de moradores, que gritaram que o aeroporto precisa ser fechado.
Em entrevista coletiva no local do acidente, o coronel Erlon Botelho, chefe do Estado-Maior do Corpo de Bombeiros, confirmou que a aeronave saiu do Aeroporto Carlos Prates com quatro ocupantes. “No local, deparamos com um incêndio em três veículos e o total de vítimas até o momento é seis, sendo três óbitos no local e três vítimas já devidamente medicadas e socorridas para hospitais da região metropolitana”, explicou. Segundo ele, o piloto estaria entre os sobreviventes.
“Imediatamente, quando as primeiras guarnições chegaram, depararam com essas três vítimas, duas já foram imediatamente tratadas, a terceira foi retirada perto do avião em chamas, e a partir daí o Samu chegou, foram feitas as intervenções”, detalhou. Existe a suspeita de que uma das vítimas seja um pedestre. Um dos mortos era ocupante de um dos carros. Os demais veículos estavam vazios. Na academia próxima ao local, apenas o fornecimento de energia elétrica foi comprometido. O imóvel deve ser vitoriado pela Defesa Civil.
Ainda segundo o coronel, uma equipe do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), no Rio de Janeiro, já está a caminho de Belo Horizonte.
Pânico
Morador da Rua Minerva há 45 anos, o aposentado Antônio Aderilton, de 75, viveu momentos de pânico dentro de casa. “Eu estava na mesa do café quando ouvi o barulho. Saímos correndo muito assustados, eu e minha esposa. Pensamos que fosse um posto de gasolina que tivesse estourado. Foi um barulho completamente diferente do que estamos acostumados a ouvir”, contou.
O casal saiu da residência pra ver o que havia ocorrido, mas foi surpreendido pelas chamas, que os impediram de se aproximar mais. Ele lembrou dos outros acidentes ocorridos na região e falou da sorte que tiveram. “Tinha acabado de fazer uma oração pedindo a proteção divina e foi o que aconteceu, Ele me deu essa proteção. Jamais passei tamanho susto”, comentou.
A advogada Maria Elisa Silva de 59 anos, que mora na Rua Francisco Bicalho, paralela à Minerva, convive angustiada com os pousos e decolagens das aeronaves, que segundo ela, sobrevoam sua casa a uma altura muito baixa. Ela que já vivenciou a queda do avião de pequeno porte em abril deste mesmo ano, conta que para os moradores do bairro, o drama é diário. “ Isso aí é uma tragédia que vai acontecer todo dia, todos os dias esses aviões passam muito baixo, já fiz contato com a Infraero e não tomam providência e é desesperador porque a gente fica esperando quando e onde vai ser a próxima queda. Na minha casa todos estão com muito medo, o bairro é residencial e não comporta esses aviões, eu já liguei já conversei e eles pedem para filmar, vamos ter que filmar quando cai, é absurdo", relata.
Histórico
A rua Minerva, no Bairro Caiçara, foi palco de outro acidente envolvendo uma avião em 13 de abril deste ano. Na ocasião, a aeronave de modelo francês Socata ST-10 Diplomate bateu em um poste, nas proximidades do número 405, em meio a dezenas de moradias. A colisão deixou um morto - o médico Francisco Fabiano Gontijo, de 47 anos, instrutor de voo e experiente piloto. Carbonizado, o corpo teve que ser identificado pelo IML por meio de exames de arcada dentária e impressão digital.
A queda arrastou parte da fiação da via, que ficou interditada por dois dias. O episódio deixou moradores e comerciantes apreensivos. Como se não bastassem as aeronaves que passam rasantes sobre casas, apartamentos e pontos de comércio, a apreensão da comunidade local se intensifica quanto às condições das máquinas que sobrevoam a localidade, diante da constatação de que o monomotor que caiu, fabricado em 1971, cruzava os céus no último sábado com a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) vencida desde janeiro.
FONTE: em.com.br
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